Meu marido estava tão ruim, que neste dia vieram umas 30 pessoas entre familiares e amigos visitá-lo na UTI. Todo mundo estava muito triste e com medo de perder um irmão, cunhado, genro, amigo ou marido muito querido por todos. Foi quando meu cunhado conseguiu que um dos seus contatos, ligasse no Hospital e por coincidência era um médico que havia sido Professor do médico plantonista daquele dia. E ele disse a ele que não era um pedido, mas uma ordem, que eles dessem um jeito da tal da máquina chegar naquele dia. Então para nosso alívio nos informaram que a máquina chegaria umas 21:00 hrs mais ou menos e que o procedimento seria realizado naquele dia. Graças a Deus!!! A máquina chegou e o procedimento começou as 22:00 hrs. Durou umas duas horas e meia. Tudo ocorreu bem. Depois que acabou o médico nos disse que esperava não precisar ligar para nós durante a noite. Pois se por algum motivo eles ligassem é por que o Flávio tinha piorado. Fui prá casa e nem dormi rezando a noite inteira para não ligarem. Quando o dia amanheceu eu dei graças a Deus. Liguei no Hospital as 9:00 em ponto, hora em que eles começavam a dar informações dos pacientes da UTI. Me disseram bem objetivamente: "o estado do Sr. Flávio é estável, mas sem condições de alta da UTI". Pensei: " bom se está estável pelo menos ele não piorou". No horário da visita que começava as 13:00 hrs eu estava lá pontualmente e meu cunhado Márcio também. Foi muito duro ver meu marido naquela situação, totalmente paralisado do pescoço para a baixo. Não conseguia mexer nem o dedinho da mão, nem se coçar, nem virar na cama, não conseguia falar pois salivava muito ainda. Na hora do relatório médico diário, onde o médico conversava com dois familiares, quem veio falar conosco era um MÉDICO de verdade. Dr. José Vicente, jovem, aparentava mais ou menos uns 32-33anos. Mas este nasceu para ser médico. Ele foi muito sensível, disse que o procedimento tinha sido feito na noite anterior e que seriam feitas 5 sessões ao total em dias intercalados e que tínhamos que esperar como o corpo do Flávio ia responder. Disse também que a salivação dele o preocupava, pois poderia ocorrer uma bronco-aspiração (a saliva ir para o pulmão) e ai a situação poderia piorar, pois poderia virar uma pneumonia. Falou que ia tentar controlar a salivação com medicamentos e se caso não melhorasse teria que intubar o Flávio para o próprio bem dele. O que de fato ocorreu a noite. Mas antes de intubar meu marido este médico, chegou no Flávio , que estava consciente todo o tempo e explicou para ele o por que iria intubá-lo e que embora fosse desagradável ficar com um tubo na boca e garganta, era para o bem dele. Ele acalmou o Flávio e ele foi intubado.
Síndrome de Guillain-Barré
Fiz este Blog com a intenção de contar a experiência de superação que meu marido Flávio está tendo após ter sido acometido por uma doença rara, de origem auto-imune chamada Síndrome de Guillain-Barré, tendo como finalidade compartilhar com pessoas e familiares que já passaram ou estão passando por esta terrível situação e assim como eu ficaram desesperadas, recorrendo a relatos, depoimentos ou qualquer informação que pudessem encontrar na internet, para saber do que realmente se trata, quais os riscos e prognóstico da doença. Espero que de alguma forma isto possa ajudar inúmeras pessoas a enfrentar este grande desafio da melhor maneira possível e trocar experiências que possam nos ser úteis. Bem como tornar mais conhecida esta doença que pode acometer qualquer pessoa, em qualquer idade para que se tomem as medidas cabíveis o mais rápido possível aumentando as chances do paciente se salvar. Também descrever todo o processo de recuperação de alguém que está passando por isto. Gislaine Cardoso.
domingo, 18 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Começa a tortura emocional...
Após dar entrada na UTI uma equipe médica se reuniu ao redor do leito do Flávio, para discutirem o que fariam. Começaram dando altas doses de corticóides para ver se estes impediam a evolução da doença. No entanto, no decorrer do dia meu marido só foi piorando cada vez mais. Ele já não conseguia engolir a própria saliva, nem cuspir. Então a saliva escorria pela boca numa quantidade que um número incontável de toalhas de rosto não davam conta, de tão encharcadas que ficavam.
Foi então que um dos médicos, muito eficiente, mas praticamente sem sentimentos, virou para meu marido e lhe disse sem medir as palavras, que sua doença era grave e que ele tinha risco de óbito. Imagine, um médico dizer isto ao próprio paciente! Se isto têm de ser dito, creio eu que tem de ser para a família, não para o paciente que já está desesperado sem saber o que está acontecendo com seu corpo, que simplesmente está paralisando inteiro sem se poder fazer nada para evitar. E para nós familiares ele virou e disse que os corticóides não estavam fazendo efeito e que o Flávio precisava passar por um procedimento feito por uma máquina especial, que o Hospital não tinha. Que eles iam solicitar a tal máquina, mas que ela provavelmente só chegaria na Quinta-feira de manhã e que a gente tinha que torcer para a máquina chegar o quanto antes, pois não sabia se o Flávio resistiria. Imaginem o desespero que meus cunhados e eu ficamos. Foi quando eu disse ao médico: " mas doutor, se o caso do meu marido é grave, vocês têm que dar um jeito desta bendita máquina chegar o quanto antes, se não ele pode não aguentar" e ele me respondeu: "é infelizmente é um fato, mas o problema é que a máquina está longe e o médico hematologista que a opera está no interior de São Paulo e não sabe se consegue chegar hoje". Eu não acreditava no que estava ouvindo, parecia que era um jogo de sorte ou azar, se a máquina chegasse, meu marido estava com sorte, se não chegasse estava com azar. Foi quando meu cunhado Márcio e eu começamos a ligar para nossos contatos do trabalho e tentar conseguir que alguém influente nos ajudasse, já que no meio onde trabalhamos conhecemos pessoas assim. Gente, foi a situação mais estressante que já passei na minha vida. Você lutar contra o tempo, para tentar salvar alguém que você ama.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
A demora do diagnóstico...
12 de Abril de 2011:começa o desespero...
Na Terça-feira de manhã, meu marido acordou com uma sensação ainda pior, mal conseguia levantar da cama. Eu tinha ido trabalhar. Ele ligou para a irmã dele quase chorando, assustado. Não quis deixar eu preocupada, por isso não me ligou. Meu cunhado levou-o ao Hospital. Na hora de preencher a ficha, meu marido não conseguiu nem assinar. Meu cunhado foi quem assinou a ficha. Foi atendido no Pronto-Socorro e a médica que o atendeu disse que era muscular, receitou Mioflex (relaxante muscular) e mandou-o embora. Quando ele passou na farmácia para comprar o remédio, não conseguiu nem pegar a carteira no bolso de trás da calça para pagar. Pediu para a atendente pegar para ele. Foi para casa. Na hora de abrir a porta, não conseguia girar a chave, com muita dificuldade acabou conseguindo. Quando foi ao banheiro fazer xixi, não conseguiu abrir o zíper da calça, nem abrir a torneira da pia. Foi ai que me ligou dizendo que não estava bem e eu percebi que sua voz estava estranha, parecia que estava com a língua enrolada. Entrei em desespero, achei que ele estava tendo um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou derrame, popularmente conhecido. Eu ia começar a atender um cliente no clube onde trabalho, ele percebeu meu desespero falando ao celular com meu marido e se prontificou em ir comigo socorrê-lo. Fomos... ele passando em farol vermelho, seguindo pela faixa de ônibus para chegarmos mais rápido. Quando chegamos meu marido estava com muita dificuldade para falar, os braços e as mãos estavam paralisados e já apresentava dificuldade para andar. Eu me apavorei e ele também, encheu os olhos de lágrimas. O levamos para o mesmo Hospital que tinha ido de manhã, pois era o mais próximo. Eu pensei: " se for um AVC, não podemos perder tempo", depois a gente tenta transferir de Hospital. Nem lembrei que AVC paralisa só um lado da pessoa e ele estava com os dois braços paralisados.
Quando o terror começou...
Dia 11 de Abril de 2011, Segunda-feira: meu marido e eu tínhamos ido no dia anterior num parque de diversões e passamos um Domingo super agradável. Ele estava bem, se recuperando apenas de uma diarréia muito forte que tinha tido por três dias. Na Segunda à tarde, ele comentou comigo que estava sentindo sua mão direita estranha, parecia que ela estava perdendo a força. Ele estava brincando com minha sobrinha e quando foi fazer o V da vitória para ela, a mão não respondeu. No decorrer da tarde sentiu que o braço agora estava pesado. Como tínhamos ido no parque de diversões, como comentei e visto tanto eu como ele sermos massoterapêutas (massagistas), pensamos igual, poderia ser um mal jeito na cervical que estaria pinçando algum nervo que ia para o braço e por isto a sensação estranha. Eu fiz massagem em seu pescoço e trapézio. Fiz acupuntura também. Mas diferente de outras vezes que o alívio era imediato, desta vez nada adiantou. Como já era noite, fomos dormir.
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